A birra surge habitualmente associada à imposição de limites. Sempre que o adulto contraria a vontade da criança pode ter que fazer frente a uma tempestade de emoções traduzida em lágrimas, gritos e tantas outras manifestações que, de tão banais que são, nem vale a pena perder tempo a descrevê-las...
Antes de pensar na melhor forma de fazer face a esta praga, que apesar de normal e muito comum no desenvolvimento das crianças 'não mata mas mói' a paciência dos mais crescidos, convém responder a uma questão: 'O que sente quando a sua criaturinha pequena desata a berrar e a espernear, mesmo não sendo em público?' Embora possa parecer que não, a grande estratégia de combate à birra passa muito pela resposta a esta questão...
Muitas vezes, os pais sentem uma certa culpabilidade por provocarem reacções de raiva e fúria nos filhos e não conseguem ter a frieza suficiente para perceber que, por detrás daquelas lágrimas e sofrimento, há uma certa necessidade por parte da criança de que o adulto seja firme. Se este fica dividido e se sente culpabilizado, vai ceder à tempestade, desencadeando-se um verdadeiro vendaval da próxima vez em que houver uma contrariedade, porque as crianças, 'finas como alhos', rapidamente percebem que afinal 'o crime até compensa'! Face a isto, se o adulto não consegue identificar o fenómeno 'birra' e lidar com ele sem culpabilidade, vai pagar a factura da próxima vez em que decida usar a palavra 'não'. Embora lhe apeteça ceder e o seu coração fique todo partido quando vê o seu filho assim 'derretidinho' em lágrimas, o mais indicado é ter paciência e só reagir quando ele se acalmar.
Quando a calma chegar, poderá então elogiá-lo por ter recuperado o controlo. Sem dúvida nenhuma que nas birras, tal como nas tempestades, só no fim é que vem a bonança, e esta só virá se o seu coração não amolecer pelo meio...
Tal como na maioria dos problemas, também nas birras podemos falar em estratégias de prevenção e estratégias de resolução propriamente dita. No que se refere à prevenção, é fundamental começar por dar um bom exemplo na resolução dos seus próprios problemas, não reagindo agressivamente quando tem de solucionar situações difíceis. Para além disto, é importante estimular a criança a pedir ajuda em vez de se irritar e elogiá-la sempre que ela lida com calma e paciência face à sua própria frustração e cólera. Sempre que ela é colocada face a uma situação que não pode controlar nem simplificar e isso for fonte de alguma perturbação é fundamental o adulto intervir dando algum apoio.
Se a birra rebentou, o mais indicado é ignorá-la, virando as costas ao seu filho, pondo-o no quarto ou isolando-o. Se conseguir realmente ignorar a birra, ele irá rapidamente perceber que esta não servirá para captar a sua atenção, nem para atingir qualquer tipo de objectivo.
Definitivamente, não é fácil ser firme nem manter a calma face à força dos gritos e dos pontapés. Por esta razão poderá ser muito útil, em caso de 'birrite aguda', dizer a si própria em silêncio: 'Ele tem de aprender que não pode ter tudo o que quer e quando quer', 'Ele está apenas a irritar-me para tentar conseguir o que quer', 'Se ceder estarei a prejudicá-lo'. Quando o seu filho finalmente se acalmar, aproveite para lhe comunicar que gosta muito dele, embora não goste de gritos nem de berros. Desta forma ele perceberá claramente que é a birra que é ignorada e não ele. Se após a birra ter terminado não lhe ligar, apenas irá incentivar o desencadeamento de outras birras para captar novamente a atenção.
Se depois de toda esta informação continua ainda com medo de traumatizar os mais pequenos, pense apenas que muito pior que a fixação de limites claros é eles não saberem quando devem parar. Crianças a quem nunca foram impostos limites referem, na idade adulta, que se sentiram 'abandonadas' na infância."
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Olá
ResponderEliminarNa sala dos 2 e depois quando passei para a sala dos 3 anos, também existia a "biblioteca dos Pais" e teve uma forte adesão por parte dos pais da sala, e de quem lá passava! (Todos pediam para enviar por e-mail ou para tirar uma cópia).
;)