domingo, 22 de janeiro de 2012

Artigo - Janeiro

Como o Jornal de Parede da nossa sala não teve muita adesão, vou começar a publicar online os artigos mensais e as sugestões culturais. No entanto, continuarei a expor algumas descobertas das crianças nesse nosso cantinho da sala. Espero que assim se torne um processo mais dinâmico! Aqui deixo um artigo da autoria de Adriana Campos que aborda as birras.
"Tal como na maioria dos problemas, também nas birras podemos falar em estratégias de prevenção e estratégias de resolução propriamente dita.



A birra surge habitualmente associada à imposição de limites. Sempre que o adulto contraria a vontade da criança pode ter que fazer frente a uma tempestade de emoções traduzida em lágrimas, gritos e tantas outras manifestações que, de tão banais que são, nem vale a pena perder tempo a descrevê-las...

Antes de pensar na melhor forma de fazer face a esta praga, que apesar de normal e muito comum no desenvolvimento das crianças 'não mata mas mói' a paciência dos mais crescidos, convém responder a uma questão: 'O que sente quando a sua criaturinha pequena desata a berrar e a espernear, mesmo não sendo em público?' Embora possa parecer que não, a grande estratégia de combate à birra passa muito pela resposta a esta questão...


Muitas vezes, os pais sentem uma certa culpabilidade por provocarem reacções de raiva e fúria nos filhos e não conseguem ter a frieza suficiente para perceber que, por detrás daquelas lágrimas e sofrimento, há uma certa necessidade por parte da criança de que o adulto seja firme. Se este fica dividido e se sente culpabilizado, vai ceder à tempestade, desencadeando-se um verdadeiro vendaval da próxima vez em que houver uma contrariedade, porque as crianças, 'finas como alhos', rapidamente percebem que afinal 'o crime até compensa'! Face a isto, se o adulto não consegue identificar o fenómeno 'birra' e lidar com ele sem culpabilidade, vai pagar a factura da próxima vez em que decida usar a palavra 'não'. Embora lhe apeteça ceder e o seu coração fique todo partido quando vê o seu filho assim 'derretidinho' em lágrimas, o mais indicado é ter paciência e só reagir quando ele se acalmar.


Quando a calma chegar, poderá então elogiá-lo por ter recuperado o controlo. Sem dúvida nenhuma que nas birras, tal como nas tempestades, só no fim é que vem a bonança, e esta só virá se o seu coração não amolecer pelo meio...


Tal como na maioria dos problemas, também nas birras podemos falar em estratégias de prevenção e estratégias de resolução propriamente dita. No que se refere à prevenção, é fundamental começar por dar um bom exemplo na resolução dos seus próprios problemas, não reagindo agressivamente quando tem de solucionar situações difíceis. Para além disto, é importante estimular a criança a pedir ajuda em vez de se irritar e elogiá-la sempre que ela lida com calma e paciência face à sua própria frustração e cólera. Sempre que ela é colocada face a uma situação que não pode controlar nem simplificar e isso for fonte de alguma perturbação é fundamental o adulto intervir dando algum apoio.


Se a birra rebentou, o mais indicado é ignorá-la, virando as costas ao seu filho, pondo-o no quarto ou isolando-o. Se conseguir realmente ignorar a birra, ele irá rapidamente perceber que esta não servirá para captar a sua atenção, nem para atingir qualquer tipo de objectivo.


Definitivamente, não é fácil ser firme nem manter a calma face à força dos gritos e dos pontapés. Por esta razão poderá ser muito útil, em caso de 'birrite aguda', dizer a si própria em silêncio: 'Ele tem de aprender que não pode ter tudo o que quer e quando quer', 'Ele está apenas a irritar-me para tentar conseguir o que quer', 'Se ceder estarei a prejudicá-lo'. Quando o seu filho finalmente se acalmar, aproveite para lhe comunicar que gosta muito dele, embora não goste de gritos nem de berros. Desta forma ele perceberá claramente que é a birra que é ignorada e não ele. Se após a birra ter terminado não lhe ligar, apenas irá incentivar o desencadeamento de outras birras para captar novamente a atenção.


Se depois de toda esta informação continua ainda com medo de traumatizar os mais pequenos, pense apenas que muito pior que a fixação de limites claros é eles não saberem quando devem parar. Crianças a quem nunca foram impostos limites referem, na idade adulta, que se sentiram 'abandonadas' na infância."






1 comentário:

  1. Olá
    Na sala dos 2 e depois quando passei para a sala dos 3 anos, também existia a "biblioteca dos Pais" e teve uma forte adesão por parte dos pais da sala, e de quem lá passava! (Todos pediam para enviar por e-mail ou para tirar uma cópia).

    ;)

    ResponderEliminar