quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Natal


Natal, e não Dezembro

Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio, 
num presépio, num prédio, num presídio, 
no prédio que amanhã for demolido… 
Entremos, inseguros, mas entremos. 
Entremos, e depressa, em qualquer sítio, 
porque esta noite chama-se Dezembro, 
porque sofremos, porque temos frio.

Entremos, dois a dois: somos duzentos, 
duzentos mil, doze milhões de nada. 
Procuremos o rastro de uma casa, 
a cave, a gruta, o sulco de uma nave… 
Entremos, despojados, mas entremos. 
De mãos dadas talvez o fogo nasça, 
talvez seja Natal e não Dezembro, 
Talvez universal a consoada.

 David Mourão Ferreira


O Carrocel deseja um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo a todos vós!

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