sexta-feira, 26 de março de 2010

Mãe, como nascem os bebés?


A idade dos porquês.


A partir dos 3/4 anos de idade, a idade dos porquês, a criança começa a questionar os pais sobre as diferenças anatómicas entre homens e mulheres e de onde vêm os bebés e o que é o sexo. A sexualidade é um tema que conduz a constrangimentos, sobretudo quando é abordado por crianças.

Por: Dra. Catarina Leal, Psicóloga Educacional

Quando se fala em Educação Sexual, os pais, professores e educadores são os responsáveis por informar e debater questões relacionadas com a sexualidade, o que nem sempre é fácil.

Por norma, quando as crianças questionam os agentes educativos sobre a sexualidade, estes tendem a sentir alguma insegurança, embaraço e até mesmo um certo pudor. Muitas vezes, acabam por desviar o assunto ou, pura e simplesmente, contam histórias fantasiosas. Mas esta atitude está mais presente nos pais, que por norma, entram em pânico, do que em qualquer outro agente educativo.


É de extrema importância que as dúvidas das crianças sejam esclarecidas, uma vez que esse esclarecimento é imprescindível para um desenvolvimento saudável e, que ocorra uma atitude positiva, aberta e natural por parte dos adultos.

Manifestações de sexualidade
A criança exprime a sua sexualidade do decorrer das suas actividades que executa no dia-a-dia.

Entenda-se por sexualidade como uma série de excitações e de actividades presentes desde o nascimento, que proporcionam prazer na satisfação de uma necessidade fisiológica como a amamentação, a função de excreção, o toque no corpo, entre outros. Como tal, verifica-se que a sexualidade é considerada como uma parte integrante do processo de desenvolvimento da criança.
É desde cedo que a criança começa a questionar aos seus pais como nasceu, de onde é que os bebés vêm e como se fazem os bebés. Outras questões são associadas a estas, como por exemplo, “Porque é que as meninas têm um pi-pi e os meninos uma pilinha?”.

É natural que surjam tais interesses e curiosidades, uma vez que, a partir dos três anos, as crianças se tornam cada vez mais observadoras e o seu raciocínio lógico mais elaborado, levando-as a questionar tudo. Perante tais questões, os pais ficam surpreendidos, não sabendo muito bem como reagir, contudo, devem responder correcta e sinceramente e de forma simples sem inventar histórias, como a da “cegonha”, para que a criança compreenda.

O que fazer?
Muitos pais com filhos em idade pré-escolar questionam se será pertinente debater a sexualidade nesta fase, se deverão dizer a verdade ou inventar e que palavras serão as mais correctas. É devido a estas dúvidas e, por considerarem um tema difícil de abordar, que muitos pais optam por não falar sobre a sexualidade.

Muitos preferem mesmo dizer aos seus filhos que são muito novos para saber sobre tal assunto, referindo ainda que, quando forem para a escola, altura em que estarão mais maduros, os professores lhes explicarão. Por sua vez, os professores temem abordar essa temática com medo de represálias por parte dos pais.


Regra geral, os adultos não gostam de abordar questões relacionadas com a sexualidade com crianças e jovens, pois temem que o interesse por actos sexuais desperte prematuramente. Outros consideram que as crianças não compreenderão o que lhes for explicado.


Há ainda aqueles que acreditam que, se a temática for abordada mais tarde, irá retardar-se o interesse pela prática do sexo. Mas estas ideias estão completamente erradas. Ao evitar abordar a sexualidade, tal como acontece com outros temas, faz com que a criança se sinta ainda mais curiosa e ainda com mais dúvidas. Desta forma, a criança procurará obter resposta às suas dúvidas através de outros meios, como por exemplo, visionando, às escondidas, revistas e canais de televisão onde aparecem homens e mulheres nus.
As crianças vão explorando o seu corpo através do toque, tentando conhecer e promover as sensações que produz. Na escola, tendem a mostrar os seus órgãos sexuais às outras crianças para, desta forma, descobrirem as diferenças e semelhanças que há entre eles. Há também crianças que simulam com outras crianças o acto sexual.

Muitos pais entram em pânico quando isto acontece, não sabendo como resolver a situação. Para eles, o facto da criança explorar o corpo na procura de o conhecer e sentir prazer é causador de apreensão. Esses comportamentos têm que ser aceites com naturalidade e as crianças não deverão ser punidas por tais actos. Há que conversar com elas, colocá-las à vontade e estarem disponíveis para abordar a sexualidade e, esclarecer todas as dúvidas existentes.


Quando os pais se sentem pouco à vontade, não sabendo o que dizer, poderão começar por fazer uma abordagem mais simplista e, posteriormente, pedir auxílio a um educador, professor ou técnico da área social.

Crianças curiosas
A curiosidade das crianças em relação à sexualidade deverá ser satisfeita adequadamente, ou seja, não lhes devem ser ocultadas informações, contudo, há que adaptar a linguagem à faixa etária da criança. Será pertinente associar a sexualidade ao amor, ao carinho e ao prazer, de modo a que as crianças consigam perceber que só em adultos poderão ter relações sexuais.

Também é de extrema importância que as questões colocadas tenham uma resposta nessa altura. Por norma, um dos progenitores passa a “batata quente” para o outro e vice-versa, ou então no dia seguinte pedem ao professor para falar com o seu educando. Isto não deveria acontecer.
Os pais devem demonstrar-se sempre disponíveis para todas e quaisquer questões que os filhos lhe coloquem para que seja fomentada a relação entre ambos e para que os mesmos percebam que poderão sempre confiar nos seus pais.

A educação sexual é uma área que não pode ser distinta de todo o processo educativo, como tal, é de extrema importância promovê-la para que se possa contribuir para a formação de crianças, jovens e futuros adultos capazes de se sentirem bem consigo próprios, de amar e de se realizarem a nível sexual. A falta de informação pode gerar, futuramente, situações de ansiedade, baixa auto-estima e situações de medo.

http://bit.ly/912VwT

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